Óptica - Como funcionam os projetores DLP
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  • Leonardo Ritter

Óptica - Como funcionam os projetores DLP

Atualizado: 12 de nov. de 2022

Este artigo marca o início das explicações sobre como funcionam os aparelhos eletrônicos que utilizam a óptica para reproduzir, armazenar e enviar informações.

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Este artigo é sobre os projetores que se utilizam de uma tecnologia "anciã", no entanto, ainda demasiada importante para o mercado: o DLP.

DLP é a sigla para Digital Light Processing, que significa "processamento digital de luz". Tudo começou por volta de 1977, quando um colaborador da Texas Instruments, o cientista Dr. Larry Hornbeck começou a estudar a manipulação da luz através dos princípios da reflexão. Em dez anos de pesquisa, surgiu o DMD, sigla para "Digital Mirror Device", um chip feito de semicondutores e micro espelhos capaz de direcionar fótons com alta precisão.

Somente em 1993 surgiu o primeiro componente comercial e a partir daí que começou a ser fabricado projetores multimídia com a tecnologia DLP.


Mas como funciona o chip DMD?

Em que parte do projetor ele está?


Através de estudos com um projetor e pesquisas em documentações técnicas da Texas Instruments consegui anotar informações e também ter documentos técnicos de alguns modelos deste componente. Tais perguntas, bem como outras que devem assombrar a sua massa encefálica serão explicadas aqui.

A LÂMPADA, o LED ou o LASER


Um projetor comum necessita de uma luz branca para gerar as cores. Esta luz é gerada por uma lâmpada fluorescente, que produz uma luminosidade muito alta e também muito calor. Sobre a lâmpada há uma lente que foca a luz na faixa de cor do disco.

Lâmpada EPSON ELPLP 58

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Nas lâmpadas, normalmente há uma grade para a refrigeração. Uma ventoinha com sensor de temperatura é adicionada para gerar uma circulação forçada do ar de acordo com o aquecimento.


Para saber mais sobre as lâmpadas fluorescentes, leia os seguintes artigos:


Atualmente, as lâmpadas fluorescentes estão em desuso, e a indústria de projetores, no mesmo passo em que reduz o tamanho dos componentes e cria aparelhos portáteis, reduz o consumo de energia e a perda térmica utilizando-se de LEDs ou LASERs como fonte de luz, tanto que a moda atual são os Pico-Projetores.

Um Pico Projetor, também conhecido como projetor de mão, projetor de bolso ou projetor móvel é um dispositivo portátil que possui todas as características de um projetor comum, tendo como diferença o tamanho muito pequeno e o baixo consumo de energia, mas reproduzindo imagens de altissima qualidade.

Os projetores Pico estão substituindo rapidamente os projetores mais antigos e imóveis, e o mercado de projetores pico está crescendo rapidamente. Em 2022 a Samsung lançou o The Freestyle, um projetor DLP Smart super compacto com iluminação LED e que possui apenas 830g de massa. O equipamento pode ser visto na imagem seguinte de apresentação:

Imagem 3 - Exemplo de Pico Projetor atual que ainda se baseia na tecnologia DLP


Abaixo, apresentamos um diagrama fornecido pela Texas Instruments de um projetor DLP com fonte de luz LED:

Diagrama 1 - Com é um Pico Projetor por dentro


Note que o chip DLPA3000 pode controlar a fonte de luz LED RGB e o chip DMD, bem como fazer monitoramento de enregia e criar as tensões necessárias para a operação do circuito. Perceba que pico-projetores podem ser projetados para serem alimentados por bateria.


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O DISCO DE CORES


Para gerar as cores a partir da luz branca, há um disco com filtros do sistema RGB (vermelho, verde e azul) e CMYK (magenta, ciano e amarelo). Este disco é popularmente e comercialmente chamado de "Color Wheel".

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O espaço ocupado por cada filtro de cor no disco depende do comprimento de onda e da frequência (Hz) de cada cor.


CURIOSIDADE: O disco de cores também é chamado de "Disco de Newton", e é nada mais que um Prisma Rotativo, que decompõe a luz branca em várias componentes de forma serial, diferente de um Prisma comum de base triangular. Para entender melhor sobre, recomendo a leitura do tópico "Prismas" no artigo "A Óptica e a Tecnologia".


Existem os discos de cores segmentados e os que imitam uma Espiral de Arquimedes. Veja abaixo um disco de cores do tipo segmentado:

Imagem 5 - Disco de cores RGB-CMY do tipo segmentado


Para saber mais sobre filtros de cores e Geometria de Pixel, CLIQUE AQUI!


CURIOSIDADE: Estes discos de cores podem ser confeccionados com uma liga polimérica à base de Policarbonato (PC), assim como os CDs, DVDs e BluRays. Para saber mais sobre polímeros, comece CLICANDO AQUI!


O Color Wheel é acionado por um pequeno motor elétrico, que por sua vez é comandado por um microcontrolador. Um exemplo de chip controlador do motor, também chamado de "driver do motor" é o Texas Instruments DLPA100.

O DLPA100 é um bocado modular, pois pode ser implementado em:

→ Projetores DLP que utilizam fonte de luz LASER (neste caso controlando o motor do disco Phosphor Wheel);

→ Projetores DLP que utilizam lâmpadas fluorescentes (neste caso com o comum Color Wheel);

→ Ou então projetores DLP com fonte de luz de LED RGB.


Para saber mais sobre projetores com fonte de luz LASER, CLIQUE AQUI!


Observe o diagrama-modelo para implementação do DLPA100 em projetores com fonte de luz fluorescente (Color Wheel):

Diagrama 2 - Aplicação do DLPA100


Observe o diagrama-modelo para implementação do DLPA100 em projetores com fonte de luz LASER (Phosphor Wheel):

Diagrama 3 - Aplicação do DLPA100


Note que este chip também forma tensões que alimentarão outros circuitos do projetor.


CURIOSIDADE: Para se ter uma ideia do quão complexo pode ser um projetor e das mais variadas arquiteturas utilizadas, veja uma animação de um sistema DLP com fonte de luz LASER:

Vídeo 1 - Perceba o uso de dois discos de cores neste sistema LASER DLP


Voltando ao assunto Color Wheel...


Para monitorar a rotação e a posição dos filtros de cores sobre a luz branca, opcionalmente, há um pequeno sensor instalado no disco de cores.

Abaixo, uma sucinta folha de dados de um Color Wheel:

Folder 1 - Folha de dados da fabricante Materion para uma linha de Color Wheels


Através do sensor mencionado no parágrafo anterior, o chip DMD é sincronizado com o movimento de rotação do disco de cores, desta forma o componente verde é mostrado quando o a secção verde do disco está na frente da lâmpada. O mesmo vale para as seções vermelha e azul.

As imagens verdes, vermelhas e azuis são então sobrepostas em uma velocidade suficientemente alta para que o observador veja a imagem composta totalmente colorida. Nos primeiros modelos de projetores a rotação era de uma volta por frame. Nos modelos posteriores as rotações passaram a ser de duas ou três voltas por frame, e também com a repetição do padrão de cores no disco, significando a repetição da sequência em até seis vezes por frame.


O efeito Arco-Íris

Este artefato visual é melhor descrito como breves cintilações com sombreamentos das cores primárias, observadas na maioria das vezes quando o conteúdo projetado se caracteriza por objetos brancos e / ou brilhantes em um fundo predominantemente escuro e / ou preto, sendo a apresentação dos créditos no final de muitos filmes o exemplo mais comum.

Alguns espectadores dizem que sempre percebem estes pedaços de arco-íris, enquanto outros afirmam que só os percebem quando deixam os olhos sobre toda a imagem e não apenas em uma só região da projeção. Há ainda os que não percebem este efeito de maneira alguma. O efeito está intimamente ligado ao conceito do "Limiar de Fusão de Cintilação", ou em inglês "Flicker Fusion Threshold".

Imagem 6


A imagem acima mostra como um círculo branco se parece enquanto uma câmera está se deslocando horizontalmente, utilizando um longo tempo de exposição. A luz branca é visivelmente dividida entre seus componentes de cor. Quando isto é visto a olho nu chamamos de "efeito arco-íris". As várias imagens do círculo são apenas quadros individuais e não tem relação como efeito arco-íris. O efeito arco-íris ocorre apenas nos projetores DLP que possuem um chip DMD, visto que os projetores deste tipo usam um Color Wheel, e como descrito anteriormente, a decomposição das cores é em série. Como os olhos percorrem a imagem projetada, as cores separadas tornam-se visíveis, resultando na percepção do arco-íris.

Os fabricantes de deste tipo de projetor utilizam artifícios para minimizar este problema. Um destes artifícios é utilizar discos de cores com 2, 3 ou 4 velocidades. Por exemplo, um disco de seis segmentos (RGBRGB) girando à uma velocidade de 2x equivale a um disco de três segmentos (RGB) girando a 4x.

Uma outro artifício utilizado é trocar o Prisma Rotativo por outro em que as cores estejam dispostas em uma espiral arquimediana. Geralmente, com discos segmentados há uma pausa entre as cores enquanto ocorre a mudança de posição do Color Wheel sobre a luz branca. Isso significa que quanto mais segmentos houver, mais escura tende á ficar a tela. Em compensação, com um disco espiral, os espelhos podem projetar mais de uma cor por vez.

 

O CHIP DMD


A luz branca, ao incidir no filtro de cor é separada em componentes: somente o comprimento de onda da cor do filtro passa, então, essa cor é direcionada para outra lente que posiciona a luz no chip DMD.

Um chip DMD (Digital Micormirror Device - Dispositivo Digital de Microespelhos) é um Modulador de Luz Espacial (Spacial Light Modulator) baseado num Sistema Micro-Eletromecânico (Micro-Electromechanical System, abreviado pela sigla MEMS), como os prórpios datasheets da Texas Instruments nos mostram:

Folder 2 - Parte de um datasheet da TI explicando os DMDs


De maneira resumida, Sistemas Micro-eletromecânicos (MEMS) é a tecnologia de dispositivos microscópicos com partes móveis. MEMS também são referidos como micromáquinas no Japão, ou micro sistemas de tecnologia (MST) na Europa.

Os Sistemas microeletromecânicos são sistemas “inteligentes” em miniatura, consistindo em um grande numero de dispositivos mecânicos integrados a grandes quantidades de elementos elétricos, e tudo isso sobre um substrato de Silício. Os dispositivos mecânicos podem ser de dois tipos: microssensores e microatuadores.


No caso de um chip DMD, são microatuadores, isto é, uma matriz de 'micropedaços' de Alumínio puro que mudam de posição ao serem comandados pelo circuito transistorizado, o que permite bloquear ou permitir a reflexão da luz:

Folder 3 - As especificações dos DMDs, pela Texas Instruments


Um chip DMD precisa ser hermeticamnte selado, isto pois, a exposição do Alumínio na atmosfera provoca a criação de uma camada de Óxido na superfície do mesmo, gerando uma reflexão difusa da luz e aumentando a absorção. Umidade e sujeira também prejudicaria o MEMS.

Tais dispositivos são uma janela de transmissão (Window Transmition) de eficiência bastante alta, com refletividade por volta dos 90% e de difração também na mesma faixa. A área refletiva da matriz ultrapassa os 90%.


Em resumo, um chip DMD é uma matriz que pode ter milhões de micro espelhos que trocam de posição ao receber um pulso elétrico "0" (nível baixo de tensão) ou "1" (nível alto de tensão). Ao receber "1", um micro espelho passa a refletir a luz e ao receber "0", ele volta a posição normal impedindo a reflexão da luz. Cada micro espelho equivale a um Pixel.


OBSERVAÇÃO: Para quem não sabe, Pixel significa Picture Element e é a menor parte de uma imagem. Se você chegar bem próximo da tela de sua TV, ou celular, enfim, verá que a imagem é composta de pequenos pontos de luz, os Pixels. Observe a imagem abaixo:

Observe os pixels da imagem

Imagem 7


OBSERVAÇÃO: Neste sistema DMD não há subpixels, pois a imagem colorida é criada sobrepondo as cores dos filtros (Color Wheel ou Phosphor Wheel) ou então da fonte de luz RGB.


Um projetor DLP que possua resolução de 1280 x 720 pixels possui 921.600 micro espelhos em um chip de aproximadamente 2 cm³.

As medidas de matriz do TI DLP9500 são apresentadas abaixo:

Diagrama 4 - A matriz de espelhos do DLP9500 possui tamanho de 0,95 polegadas


CURIOSIDADE: Note que, no chip DLP9500 existem 10 colunas e 10 linhas de microespelhos nas bordas do die (Micromirror Array Border) além da matriz ativa de 1920x1080. A estrutura e as qualidades da borda ao redor da matriz ativa incluem uma faixa de microespelhos parcialmente funcionais, chamada de "Lagoa Dos Espelhos" (Pond Of Mirrors, abreviada por POM). Esses microespelhos são estruturalmente e / ou eletricamente impedidos de se inclinarem em direção ao estado brilhante (ou LIGADO), mas ainda requerem uma polarização elétrica para inclinar para o estado OFF.


O Chip Texas Instruments modelo DLP470NE possui resolução full HD (1920 x 1080 pixels) em um DMD com tamanho de 0,47 polegadas (medida na diagonal). Observe o diagrama abaixo:

Diagrama do TI DLP470NE

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Os pinos são feitos de Cobre CU1100 galvanizados com Ouro para que se tenha uma melhor condutividade elétrica sem perdas por oxidação e corrosão do Cobre. Para estes chips há um soquete posicionado atrás do conjunto de lentes do bloco óptico. Observe a imagem:

Vista dianteira e traseira de um chip DMD

Imagem 9

A Sinalização LVDS


Mas como tão poucos pinos distribuem sinal para milhares ou até milhões de micro espelhos?

A interface entre o processador gráfico (normalmente é um simples DSP) e o DMD é feita por uma sinalização LVDS que pode utilizar o padrão RSDS (Reduce Swing Differential Signaling), que transmite todos os dados numa velocidade muito alta e sem requerer um fio para cada ponto de luz. A sinalização LVDS neste caso é uma conexão ponto-a-ponto com alguns pares diferenciais para envio do sinal da placa para o chip. Para saber mais sobre a sinalização LVDS, CLIQUE AQUI!

O chip TI DLP5500 que possui resolução de 1024 x 768 pixels e uma sinalização LVDS de 16 bits (16 pares diferenciais) a 200MHz com padrão DDR (dupla taxa de transferência). No caso do DLP há uma conexão ponto-a-ponto na placa lógica, isto é, um conjunto de trilhas que são conectadas a um slot onde a placa com o soquete do chip DMD é encaixada. Veja a imagem abaixo:

Um soquete para chips DMD

Imagem 10 - Placa com o soquete do chip DMD


CURIOSIDADE: Este soquete pode seguir a mesma especificação química daqueles utilizados para o processador nas placas-mãe, isto é, utiliza-se para sua confecção um polímero termoplástico, podendo ser o LCP (Liquid Crystal Polymer). Para saber mais sobre cristais líquidos, CLIQUE AQUI!


Interface VGA, DVI, enfim, isso será mais detalhado num artigo sobre as interfaces de vídeo.

É importante frisar que nem todos os chips DMD possuem o mesmo soquete, pois cada um tem um resolução diferente e precisa de uma interface e um processador apropriado, o que faz cada modelo de projetor funcionar apenas com um modelo de chip. Se pudesse ser trocado o chip DMD de um projetor por um modelo de maior resolução, maior desempenho, isso geraria um gargalo e sobrecarga no processador da placa lógica.

 

O BLOCO ÓPTICO


O bloco óptico é posicionado acima do chip DMD e possui lentes que focam a luz refletida e espalham ela no telão.

Bloco óptico do projetor

Imagem 11 - Bloco óptico de um projetor DMD


Para exibir a luz refletida pelo chip DMD, há um conjunto de lentes contendo ao menos uma lente para o foco e outra divergente para a ampliação da imagem. Outras lentes ou filtros podem estar presentes afim de estabilização e melhoramento da imagem, tudo depende do projeto.


CURIOSIDADE: Assim como nos projetores 3LCD e nas câmeras, um dos parâmetros essenciais no conjunto de lentes utilizado é o "valor f”, que consiste num cociente do comprimento focal de uma lente dividido pelo diâmetro. Para saber mais sobre o assunto, leia o trecho "Sobre o Valor da Lente" no artigo "Óptica - Como funcionam os projetores 3LCD". Outro artigo em que podes obter informações sobre o assunto é o "Óptica e tecnologia - Parte 2".

Observe o desenho abaixo, com o diagrama de todo o bloco óptico, bem como a fonte de luz:

Diagrama 5 - Representação genérica do funcionamento do bloco óptico de um projetor DLP


Como foi dito, o chip DMD possui milhares ou até milhões de micro-espelhos que trocam de posição ao receberem pulsos elétricos a todo o instante. A formação de imagens nos projetores DLP é sequencial, ou seja, uma cor de cada vez é projetada para formar uma imagem colorida.

A imagem é processada e transformada numa sequência de pulsos elétricos que fará com que cada espelho se posicione de maneira diferente e reflita um tom de cada cor vinda do filtro de cores, e esse tom é de acordo com a frequência com que os micromirror mudam de posição.

Veja o esboço de como são estes microespelhos e como eles operam:

Diagrama 6 - Como os microespelhos se posicionam em relação a fonte de luz


Veja que estes microespelhos possuem micro-articulações mecânicas controladas eletronicamente, o que os faz ser um MEMS.

Folder 4 - Descrição do funcionamento do DLP9500


De acordo com a referência (For Reference) do Diagrama 6, os microespelhos podem movimentar-se 12 graus para cada lado. 12° positivos quando inclinados para refletir a luz incidente (backlight) ou -12° para quando inclinados de forma a não refletir a luz incidente. o Posicionamento é feito de acordo com o valor (0 ou 1) armazenado na respectiva célula de memória CMOS. Sendo o valor um para 12° e o valor zero para -12°.


CURIOSIDADE: No último parágrafo fica explícito que existem microespelhos nas bordas além dos 1920x1080 da matriz ativa, e que não são endereçaveis, ficando em -12° enquanto o dispositivo estiver ligado.

Diagrama 7 - Chip DLP470NE com resolução Full HD e tamanho de 0,47"


Note que a área destacada em vermelho é a região de borda onde se situam os microespelhos travados na posição de não reflexão de luz. No caso do DLP470NE são 80 linhas de micro espelhos na parte superior e inferior e 84 colunas de micro espelhos no lado direito e esquerdo que ficam em -17° (ângulação padrão para este modelo de chip).


Como são milhares de espelhos, cada um poderá refletir um tom diferente de cada cor e devido a rapidez da sobreposição das cores, nem notamos esse processo que acontece no mínimo 30 vezes por segundo (os aparelhos de reprodução de imagem atuais trabalham a no mínimo 30 FPS).


Para fazer toda esta "mágica" de Modulação de Luz Espacial (SLM), há uma peça extremamente importante:

 

A PLACA LÓGICA

É a placa lógica a responsável pelo processamento da informação recebida pela interface de vídeo e através dessa informação controlar o motor, o sensor e o os micro espelhos do chip DMD. Veja a abaixo o diagrama simplificado deste circuito:

Diagrama de blocos de uma placa de projetor DLP

Diagrama 6 - Representação genérica da placa-mãe de um projetor DLP


O chip marcado com o número "1" controla o disco de cores (motor) e faz gerencimento de energia, bem como pode monitorar um sensor da roda de cores. Em alguns modelos de projetores, na placa lógica há também um chip controlador de áudio.

Não foi incluído neste diagrama o circuito que controla a temperatura do projetor e as ventoinhas dele.

O chip marcado com o número "2" é o cérebro do circuito:

Ele tem as interfaces de vídeo (VGA, DVI, HDMI, DisplayPort, Vídeo Composto - Cabos Verde, Azul e Vermelho -, Vídeo Componente - Cabo Amarelo);

→ A interface com a memória RAM, para armazenar dados de vídeo temporariamente

→ A interface com o chip que armazena o firmware (a memória Flash, marcado com o número "3");

→ E a interface com o chip DMD (interface com sinalização LVDS - dados e controle do chip).


OBSERVAÇÃO: Esta não é uma arquitetura 100% padrão. Se você analizou o Diagrama 1, viu que o chipset DLPC (que seria o cérebro do circuito) faz interface com um DLPA (que faz um gerenciamento geral da iluminação, do chip DMD e de energia).

Os Projetores com 3 Chips DMD


Alguns modelos de projetores utilizam 3 chips DMD: Cada um recebe uma cor primária (verde, vermelho e azul). Não há um disco com filtros de cores, mas sim dois espelhos dicroicos:

→ O primeiro recebe a luz branca e deixa passar apenas o comprimento de onda da cor azul, o restante é refletido para o próximo espelho dicroico.

O segundo espelho deixa passar só o comprimento de onda da luz verde e reflete o restante, que é a cor vermelha, que será direcionada para o terceiro chip DMD.

Desta forma, as cores que compõem a imagem podem ser tratadas individualmente, agilizando o processo e melhorando a qualidade de imagem. A organização dos espelhos dicroicos pode variar de aparelho para aparelho.


Este tipo de projetor é muito utilizado nos cinemas e consegue trabalhar com uma profundidade de cor de 32 bits (são 16.777.216 cores que podem ser reproduzidas, juntamente com o Canal Alfa), enquanto que os projetores comuns, com apenas um chip DMD, trabalham com profundidade de cor de 24 bits (16.777.216 cores podem ser reproduzidas).

Esta limitação de projetores com apenas um chip é devido a geração de imagem ser sequencial e o dispositivo não ser rápido o bastante para conseguir combinar 3 cores primárias com determinados tons. Apenas os projetores com 3 chips, um para a cor verde, outro para a cor vermelha e outro para a cor azul conseguem reproduzir uma quantidade de cores muito maior sem dificuldades.


Para saber mais sobre pixels, padrões de resolução, tamanhos de tela, profundidade de cor, Canal Alfa, Sincronismo, Taxa de Atualização e vários outros assuntos, CLIQUE AQUI e leia o "Complemento sobre Ecrãs e Projetores".

 

TVs de projeção


As TVs de projeção podem se utilizar de três pequenos tubos de raios catódicos (CRT), um para formar a imagem monocromática vermelha, outro para a verde e outro para a azul, obtendo-se assim, através de, por exemplo, um prisma dicróico, a imagem colorida de base RGB que será ampliada numa tela. No entanto, existem alguns sistemas de projeção que se utilizam de sistemas DLP.

Assim como num projetor comum, há um conjunto de lentes, tendo como principais uma lente de foco e outra de ampliação, sendo que esta última pode ser do tipo Fresnel para ocupar menos espaço. A luz emanada pelo bloco óptico pode ser direcionada para a tela através de prismas de reflexão total ou espelhos dicróicos.


Nesta altura, posso citar uma façanha da Alienware na CES 2008 que deixou muitos assíduos por games entusiasmados, porém, que nunca foi adiante. Naquele ano ainda existiam muitos monitores e TVs com proporção 4:3, não eram tão baratos e difundidos no mercado os displays 16:9, sem falar que ainda haviam bastante TVs de tubo nas residências quando pegamos como exemplo o Brasil. A Alienware foi ousada ao apresentar um monitor gamer de 43' com tela ultrawide e curva. Foi algo completamente afrente de seu tempo.

O equipamento ainda era protótipo, estava sendo aperfeiçoado e apresentado pela Alienware, e até o momento era apenas chamado por eles de "Curved Seamless Display" (abreviado CSD), todavia, o projeto originalmente foi criado pela pouco conhecida Ostendo Technologies, sendo chamado por ela de CRVD-43. O que a Alienware fez foi um "rebranding" do produto.

Seu princípio de funcionamento se baseia em 'apenas' quatro telas, uma ao lado da outra, formando um grande ecrã de 2880 x 900 pixels. Estas quatro telas são projetores DLP com fonte de luz LED (mais econômico que o sistema de lâmpada fluorescente convencional). Mesmo assim, um grande cooler se fazia presente no interior do 'caixote'. Este sistema deveria ser projetado pra conseguir forçar ventilação sobre todos os blocos ópticos.

Observe abaixo uma rara unidade do Ostendo CRDV de 43 polegadas original:

Imagem 12 - Perceba que é possível notar os três pontos ('costuras') onde as quatro telas de projeção DLP se encostam


Olhando de frente, é pouco perceptível que são quatro telas de projeção colocadas uma ao lado da outra:

Imagem 13 - Este pode ser considerado o primeiro monitor ultrawide curvo do mundo


Note agora a profundidade do caixote que aloja todo o sistema eletrônico, bem como a curvatura da tela. Pra quem nunca o viu, pode erroneamente achar que é um grande e esquisito monitor de tubo:

Imagem 14 - Este é modelo da Alienware apresentado na CES 2008. Segundo fontes da época, o equipamento ultrapassava os 20 kg


O Ostendo CRVD-43 foi vendido por um curto período de tempo no final da primeira década deste século, porém a versão da Alienware foi apenas promessa...

O CRVD-42DWX+ foi outro monitor de tela curva apresentado também em 2008 pela NEC Technologies, porém, discretamente, tanto que passou um tanto quanto despercebido pela mídia. Ele também é DLP, têm resolução de 2880x900 pixels e várias outras especificações muito parecidas com o modelo da Ostendo.

Quando estudei este tipo de projetor, na época em que fiz estágio no núcleo de educação da cidade de Cascavel, gravei uns vídeos durante o desmonte do aparelho. Eu os compilei num arquivo só e disponibilizo o vídeo abaixo:

Vídeo do canal Hardware Central sobre o projetor DLP


Se quiser saber sobre o funcionamento dos projetores 3LCD, CLIQUE AQUI!


Ficou com alguma dúvida? O que achou da explicação? O que achou do artigo? Deixe sua opinião nos comentários ou mande um e-mail para hardwarecentrallr@gmail.com.

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FONTES e CRÉDITOS

Texto, desenhos e vídeo: Leonardo Ritter

Imagens: Leonardo Ritter; Google Imagens.

Fontes: Texas Instruments; TecMundo; InfoWester; Canal do You Tube "Linus Tech Tips"; Desmonte de um projetor DLP feito pelo autor do texto.

Última atualização: 12 de Junho de 2022.

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